quarta-feira, 23 de abril de 2014

Garotinhas

Era época de carnaval, 2012. Duas meninas aproveitaram aquela manhã ensolarada para cavalgar. Elas montaram nos cavalos e começaram a jornada. O homem que as guiava começou a contar histórias verídicas, entre uma delas ele falou sobre uma onça que rodeava a cidade (Rio Preto) e que assustava os cavalos da região. As duas meninas ficaram trêmulas e paralisadas, começaram a suar frio.
 Depois que voltaram ao celeiro para devolver os cavalos o medo passou. Era pôr-do-sol e elas decidiram caminhar pelo condomínio em que moravam, conversa aqui, conversa lá e só depois de algumas horas elas repararam que já havia escurecido. Anoiteceu. Não haviam postes de luz. O celulares não tinham lanterna. O que clareava aquelas ruas escuras era linda e grande lua. E agora? Elas estavam longe de suas casas, seus pais não atendiam o celulares, elas não enxergavam nada. O que elas mais tinham medo era de a onça aparecer no escuro e ninguém nunca mais saber delas. Elas encararam o medo e voltaram a andar, passaram por uma casa e ouviram uma voz:
- "Nana neném, que a Cuca vem pegar, papai foi pra roça e mamãe foi trabalhar".
Elas pensaram: Se o papai foi pra roça e a mamãe foi trabalhar, quem estava cantando a música?
As meninas começaram a correr. De longe elas viram uma luz vindo na direção delas, um carro. Era o pai de uma delas que as levou para casa, as tranquilizou mas elas nunca mais pensaram em andar de noite e sozinhas por aquele lugar.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mudança

  Poucos dias antes de me mudar e eu começo a ficar insegura. Será que as pessoas vão gostar de mim? Como vai ser chegar em uma escola que eu não conheço ninguém? 
   Eu fico me imaginando. Eu chegando sozinha na escola, ninguém fala comigo. Eu me sento na última carteira com um poder de invisibilidade. Ou eu chego na escola, várias pessoas vem falar comigo, me perguntam de onde eu vim, se eu conhecia tal pessoa, o que eu assisto na tevê, as músicas que eu gosto e que me contem como é a tal escola. 
   Eu só penso nessa escola, nas pessoas novas, nas saudades e com a minha adaptação lá dentro. Pois é, por enquanto minha cabeça é um ponto de interrogação, ainda não tenho resposta das mil e uma perguntas que eu tenho sobre tudo. 
  O pior é ver o caminhão de mudança chegando e não poder fazer nada, só um  "tchau" e "até logo". 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

de novo

uma quinta-feira à noite sou pega de surpresa. Mudança. De novo. Mudar para outra cidade; outros amigos, outra escola, outros professores. Aí você pensa que já tinha se acostumado com tudo. Com os amigos, com a escola e com os professores. Ai vem tudo de novo. Cansa, cansa muito. Encaixotar as coisas de novo, abrir as caixas de novo, arrumar tudo de novo.  De novo, de novo, de novo. A própria palavra já significa repetição, por isso eu a repito várias vezes. Eu olho pro lado, e pergunto pra minha mãe:
De novo?